sexta-feira, 3 de junho de 2011

Dia 5 de Junho: A Aids está completando 30 anos no mundo

O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO PARA AJUDAR A CONTER A EPIDEMIA?


No dia 5 de junho de 1981, o Centro de Controle de Doenças de Atlanta, nos Estados Unidos, descobriu em cinco jovens homossexuais, estranha pneumonia que até então só afetava pessoas com o sistema imunológico muito debilitado. Em 1983, os cientistas conseguiram  isolar o retrovírus responsável pela doença, o HIV, um vírus completamente diferente de todos os conhecidos até aquele  momento.

A doença transformou o mundo.

CASOS DE AIDS NO MUNDO: 33,4 milhões de pessoas vivem com o HIV no mundo todo. Deste total, 15,7 milhões, quase metade, são mulheres. A infecção pelo vírus HIV se transformou na principal causa de mortes e doenças de mulheres em idade reprodutiva (entre 15 e 49 anos) no mundo todo.

CASOS DE AIDS NO BRASIL: 592.914 casos registrados desde 1980. A faixa etária em que a aids é mais incidente, em ambos os sexos, é a de 20 a 59 anos de idade. Chama atenção a análise da razão de sexos em jovens de 13 a 19 anos. A proporção é de  oito casos em meninos para cada 10 em meninas. No Brasil, estima-se que 630 mil pessoas apresentam o vírus da Aids. 

CASOS DE AIDS EM SERGIPE: Foram notificados 2.550 casos de Aids, sendo que 2.443 residem em Sergipe e 107 procedem de outros estados. Entre os que residem em Sergipe, 814 são mulheres e 1.629 homens (proporção de 2 homens para 1 mulher). Foram notificadas 83 crianças. Faleceram emconsequência  das manifestações clínicas da AIDS, 862 pessoas no nosso estado.

OS DESAFIOS  30 ANOS DEPOIS DA EPIDEMIA DE AIDS NO MUNDO

O preconceito ainda existe e os políticos no Congresso Nacional ainda não aprovaram a Lei que  criminaliza a discriminação às pessoas soropositivas. Gestores estaduais e municipais nem sempre dão prioridade às questões relacionadas à Aids. Houve uma diminuição do ativismo que era tão bonito no início da epidemia e a sociedade tem participado muito pouco das ações de solidariedade. Entrevistas comportamentais mostram que uma boa parte da população está “relaxando” na prevenção. Pessoas que vivem com HIV/Aids em situação de pobreza, em várias regiões do país, às vezes param o tratamento porque não possuem o dinheiro para se deslocar aos serviços de saúde ou porque não possuem alimentação. Na área de saúde, à nível Nacional, ainda observamos o diagnóstico tardio, comprometendo a qualidade de vida das pessoas, bem como a dificuldade de leitos hospitalares e de acesso a alguns especialistas e a alguns procedimentos cirúrgicos.

Gestores, Profissionais de Saúde e da Educação, Sociedade Civil, Empresários, Políticos e Cidadãos comuns devem aproveitar este momento, em que a epidemia de Aids está completando 30 anos, e refletirem sobre o que cada um fez e fará  para melhorar a qualidade de vida das pessoas soropositivas e contribuir para a redução da vulnerabilidade das pessoas ao HIV.

A LUTA PRECISA CONTINUAR!
 
Almir Santana, Médico Sanitarista, Gerente do Programa de DST/Aids de Sergipevidd
LINHA DO TEMPO...
 
1977/78
Primeiros casos nos EUA, Haiti e África Central, descobertos e definidos como Aids, em 1982, quando se classificou a nova síndrome.

1980
Primeiro caso no Brasil, em São Paulo , também só classificado em 1982.

1981
Primeiras preocupações das autoridades de saúde pública nos EUA com uma nova e misteriosa doença.

1982 
Conhecimento do fator de possível transmissão por contato sexual, uso de drogas ou exposição a sangue e derivados. Primeiro caso de transfusão sangüínea. Primeiro caso diagnosticado no Brasil, em São Paulo.

1983
Primeira notificação de caso de aids em criança.  Focaliza-se a origem viral da aids. No Brasil, primeiro caso de aids no sexo feminino.

1984
A equipe de Luc Montagner, do Instituto Pasteur, na França, isola e caracteriza um retrovírus (vírus mutante que se transforma conforme o meio em que vive) como causador da aids.

1985
O primeiro teste anti-HIV é disponibilizado para diagnóstico.  Primeiro caso de transmissão vertical (da mãe grávida para o bebê).

1986
Criação do Programa Nacional de DST e Aids.

1987
Início da utilização do AZT, medicamento para pacientes com câncer e o primeiro que reduzia a multiplicação do HIV.

Primeiro caso de Aids oficialmente registrado em Sergipe. Pessoa do sexo masculino, Sergipano que morava em São Paulo e retornou ao nosso estado para obter apoio da família, após ter apresentado as manifestações da doença. Esta pessoa, que necessitava de internação, foi rejeitada pelos hospitais de Aracaju. Foi a óbito no mesmo ano em que chegou ao nosso estado.

Criação da Gerência de Doenças Sexualmente Transmissíveis, no mês de maio/87, através da Secretaria de Estado da Saúde. Anteriormente, existia a Gerência de Dermatologia Sanitária.

Início da sorologia anti-HIV nas transfusões sanguíneas do Centro de Hemoterapia de Sergipe (Hemose). O Hemose foi também o laboratório que realizou as primeiras sorologias anti-HIV das pessoas que desejavam fazer o teste encaminhadas ou por demanda espontânea.

1988
Morre o cartunista Henrique de Souza Filho, o Henfil, aos 43 anos. O Ministério da Saúde inicia o fornecimento de medicamentos para tratamento das infecções oportunistas. Primeiro caso diagnosticado na população indígena. Implantação do Ambulatório de DST/Aids no Bairro América, através da Secretaria de Estado da Saúde

1989
Morre Lauro Corona, ator da TV Globo, aos 32 anos, em conseqüência das manifestações da Aids.

1990
O cantor e compositor Cazuza morre aos 32 anos, em conseqüência das manifestações da Aids.

Caso concreto de discriminação de um funcionário de uma grande empresa industrial de Aracaju. A pessoa, que atuava como digitador, foi rejeitado pelos colegas que trabalhavam na mesma sala. A Coordenação Estadual de DST/Aids realizou ações informativas na própria empresa, minimizando assim as reações discriminatórias. Um dos primeiros estados a realizar ações de prevenção dentro das casas de prostituição.

1991
O jogador de basquete Magic Johnson anuncia que tem HIV.

1992 
Estudo sobre a importância das doenças sexualmente transmissíveis (DST) como co-fator para a transmissão do HIV, podendo aumentar o risco de transmissão e aquisição do HIV em até 18 vezes.

A opinião pública brasileira fica indignada quando a menina Sheila Cartopassi de Oliveira, de cinco anos, tem a matrícula recusada em uma escola de São Paulo, por ser portadora de HIV.

Foi detectado o primeiro caso de Aids em presídio de Sergipe.

Foi lançado o primeiro Jogo Informativo Sobre Aids do Brasil, para adolescentes, criado por Almir Santana.

O primeiro estado a realizar ações de prevenção junto aos terreiros do candomblé. O trabalho foi mostrado, em rede Nacional, no Programa Fantástico, da Rede Globo.

1993
A atriz Sandra Brea (1952-2000) anuncia que é portadora do vírus. A opinião pública começa a perceber que a doença atinge também as mulheres. O AZT passa a ser produzido no Brasil.

O COAS foi implementado na Rua Bahia, de acordo com a portaria Ministerial.

Caso concreto de discriminação familiar: homem casado, soropositivo, foi a óbito e os  familiares não foram  ao velório, pois alegavam revolta por ele ter contraído o HIV numa relação sexual com outro homem. O enterro foi feito, solitariamente, pelo próprio médico Almir Santana.
 
1994
Estudos mostram que o uso do AZT ajuda a prevenir a transmissão do HIV de mãe para filho.

Caso concreto de discriminação em uma unidade pré-escolar, no município de Lagarto. Uma criança estava sendo rejeitada por que, embora foi soronegativa, era filha de pais soropositivos.

Lançamento da primeira Unidade Móvel (Ônibus Vermelho) para prevenção às DST/Aids do Brasil, em parceria com o Gapa.

Primeiro estado a criar o Bloco da Prevenção, uma forma criativa de passar informações durante uma festa carnavalesca ( Pré-Caju). Hoje o bloco existe em várias capitais do país.

1995
Medicações consolidadas para o tratamento anti-retrovira. Uma nova classe de drogas contra o HIV, os inibidores de protease e outros inibidores de transcriptase reversa, são lançados, aumentando as escolhas de tratamento. Estudos revelam que a combinação de drogas reduz a progressão da infecção.

COAS/CTA foi escolhido como unidade de referência para capacitação dos outros CTAs do Nordeste.

As experiências bem sucedidas na área de prevenção em Sergipe, foram  apresentadas em Curso de DST na República Dominicana.

1996
Lei fixa o direito ao recebimento de medicação gratuita para tratamento da aids.  Percebe-se que a infecção aumenta entre as mulheres (feminização) e  pessoas pobres.

Primeiro Programa Estadual a adquirir os medicamentos antiretrovirais, através de um convênio do SESI – Conselho Nacional e o Gapa.

Sergipe e um dos primeiros estados a realizar campanha de prevenção em motéis e pousadas.

As experiências bem sucedidas na área de prevenção, são apresentadas em Seminário no Uruguai.

Caso concreto de discriminação familiar: Pai de jovem soropositivo queria que o filho “morasse no hospital até a morte”. Aceitou manter o filho em casa, porém dormindo em um colchão no chão.

1997
Morre o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. Hemofílico, contaminado por transfusão de sangue, defendia o tratamento digno das pessoas que vivem com Hiv/Aids.

Caso concreto de discriminação em creche em Aracaju. Mães ameaçaram retirar as crianças, caso um menino soropositivo, continuasse na creche. A Coordenação Estadual realizou atividades informativas junto aos professores e pais e a situação foi normalizada.

As experiências bem sucedidas na área de prevenção, são apresentadas em Fórum Sobre Aids no Peru.

Aprovada a Lei Estadual número 3.900/97 que proíbe, nos estabelecimentos de ensino oficiais ou particulares, a prática de qualquer discriminação contra pessoas que vivem com HIV/Aids.

1998
Foi lançado , em Sergipe, o primeiro carro em forma de  camisinha, sendo denominado de “Camisildo”. Foi destacado como a melhor idéia na área de prevenção , no Congresso  DST  IN  RIO, no Rio de Janeiro.

Foi implantado o Programa Municipal de DST/Aids de Aracaju

1999
Confirmada a origem do HIV -  Marylin, um chimpanzé fêmea, ajuda a confirmar que o SIV (Simian Immunodeficiency ou Vírus da Imunodeficiência dos Símios) foi transmitido para seres humanos e sofreu mutações, transformando-se no HIV. Testes genéticos mostram que o HIV é bastante similar ao SIV, que infecta os chimpanzés, mas não os deixa doentes.

2000
Campanha de Prevenção nas Festas Juninas foi premiada por ser das mais criativas já realizadas.

Foi lançado o primeiro Festival de Músicas (Paródias) Sobre  DST/Aids do Brasil.

As Ações Educativas do Programa Estadual de DST / Aids foram apresentadas na Rede CNN para mais de cem países.


Enviado por e-mail pela convivendo Regina Bueno

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