quinta-feira, 16 de junho de 2011

Nos próximos 30 anos, integrantes da Rede de Jovens Vivendo com HIV desejam menos preconceito, mais informação e a cura da aids

No último dia 5, o mundo relembrou o primeiro caso documentado de aids. Foi nos Estados Unidos, há 30 anos. Na continuação da série de reportagens relacionada a esta data, a Agência de Notícias da Aids entrevistou integrantes da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids para saber a expectativa deles sobre o combate da epidemia nas próximas três décadas. A Rede foi criada em 2008 e conta com cerca de 300 ativistas de 15 a 29 anos de idade em todo o país.

O representante nacional do grupo, José Rayan, acredita que é preciso facilitar o acesso dos soropositivos aos serviços de saúde. Segundo Rayan, no Amazonas, onde ele mora, a população ribeirinha sofre com diferentes tipos de dificuldade. “Alguns precisam utilizar canoa e depois outros meios de transporte para chegar ao local de atendimento, o que já é uma barreira. Essa distância física também limita o acesso às informações”, conta. Como exemplo, o jovem ativista citou casos de soropositivos que, por serem assintomáticos, acreditam que não transmitem o vírus. “O melhor programa de aids do mundo tem que ser o melhor em São Paulo, na Amazônia, na roça e em qualquer outro lugar”, completa.

Ainda em relação ao serviço público de tratamento da aids, José Rayan defende a necessidade de médicos hebiatras, especialistas em adolescentes. “É uma demanda de toda a Rede, pois esse público possui necessidades específicas. Nessa faixa etária acontecem mudanças biológicas e comportamentais”, diz, ressaltando que o acolhimento influencia na adesão ao acompanhamento médico e à terapia antirretroviral. 

Eduardo Soares, do Pará, integra a Rede de Jovens desde 2009 por conviver com soropositivos. O que o despertou para o ativismo nesse segmento foram os debates realizados na Pastoral da Juventude. “Espero que diminua o preconceito. Já fui vítima por conviver com pessoas com HIV e, meus amigos que vivem com o vírus, contam algumas situações difíceis pelas quais têm que passar”, declara.

Segundo Eduardo, as pessoas imaginam que pelo fato de integrar a Rede, ele tem HIV. “É preciso entender que toda pessoa com interesse pela causa pode atuar ativamente, sendo ou não soropositivo”. O jovem também relata que existe discriminação entre familiares de pessoas infectadas. “A mãe de um amigo faz comentários discriminatórios quando o HIV surge como discussão, após a veiculação de uma notícia, por exemplo. Meu amigo não contou para ela que vive com o vírus.

Esperança de cura

A expectativa pela cura da aids também está presente entre os jovens. “Nas próximas três décadas espero a descoberta de uma vacina”, diz Thaís Oliveira, do Mato Grosso do Sul. Ela também gostaria que as áreas de educação e saúde realizassem mais ações articuladas. “Nas escolas, falta informação para os alunos sobre a doença”, argumenta.

Leizu Ferreira, de Minas Gerais, quer que pesquisas sobre a cura da doença sejam mais incentivadas. Além disso, Leizu faz queixas sobre a abordagem de algumas religiões. “Nas igrejas ainda existe muito tabu e preconceito relacionados à sexualidade e à doença. Elas levam esses temas de forma equivocada aos seguidores”, afirma. “Eu era adepto de uma religião que ensina que a aids  é uma forma de castigo divino e que, se eu me infectasse, logo iria morrer. Foi um choque quando descobri minha sorologia.


Fábio Serrato



José Rayan
Tel.: (92) 9158-0361

Eduardo Soares
Tel.: (91) 8241-8674

Thaís Oliveira
Tel.: (67) 9204-9213

Leizu Ferreira
E-mail: uzielsf@hotmail.com



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