quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Aposta nas células "exterminadoras"

A edição de hoje da revista científica Nature traz uma importante novidade na luta contra o HIV. Segundo pesquisadores do Instituto Ragon, do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e da Universidade de Harvard, todos nos EUA, a célula exterminadora natural (NK, na sigla em inglês), produzida pelo corpo humano, possui capacidade de atuar contra o vírus da doença - que atinge cerca de 33 milhões de pessoas ao redor do mundo. Até hoje, apenas as chamadas células T e os anticorpos tinham sido descritos como armas do corpo contra a AIDS.

O interesse dos cientistas nas células NK (Natural Killers) tem uma explicação. Ao contrário dos anticorpos e das células T, que só obtêm respostas a longo prazo contra o HIV - e, portanto, dão mais tempo para a mutação do vírus -, as exterminadoras naturais dão uma resposta de curto prazo. "Estamos interessados especialmente na reação dessas células nos primeiros momentos após a infecção", explica Marcus Altfeld, do Instituto Ragon. "Estudos anteriores já haviam mostrado que essas células aumentam rapidamente, logo após a entrada do HIV."

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram sequências do HIV e genes ligados à regulação das células NK em amostras de 91 indivíduos infectados. Usando ferramentas projetadas para identificar mutações de resistência aos medicamentos, por meio da detecção de alterações no genoma viral encontrado na presença de drogas, os pesquisadores descobriram que o HIV vinha sofrendo mutações como uma forma de tentar se adaptar à presença da célula exterminadora natural.

A esperança dos especialistas é de, nos próximos anos, desenvolver uma terapia baseada nas NKs. "Para isso, precisamos entender melhor os mecanismos moleculares que permitem às células NK reconhecer células infectadas pelo HIV e aprender a manipular essas defensoras em seres humanos para a terapia ou mesmo para prevenção", avalia Altfeld. "Recentes estudos em animais sugeriram que as células NK podem desenvolver uma espécie de memória imunológica. Se essa capacidade for encontrada em células humanas, essa será uma possibilidade promissora a ser explorada", completa o pesquisador norte-americano.


Fonte: Correio Brasiliense 
Enviado pelo jovem: João Geraldo Netto

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