Uma animada plateia de estudantes do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) lotou a plateia do Teatro Anchieta – Sesc Consolação na tarde desta quarta-feira para ver mais uma apresentação da peça "Depois Daquela Viagem" em São Paulo. O espetáculo foi adaptado por Dib Carneiro Neto do livro escrito por Valéria Polizzi, contando como reagiu depois de descobrir que havia se infectado com o vírus HIV ao perder a virgindade, com 16 anos. Após a apresentação, atendendo ao convite da produtora Roseli Tardelli, os jovens continuaram no auditório e participaram de uma rodada de conversa com Valéria, a diretora Abigail Wimer e os 14 jovens atores do elenco. Quase todas as perguntas, a maioria em tom emocionado, foram dirigidas a Valéria.
Luana, uma garota de 18 anos, se apresentou como filha de pais soropositivos, que já morreram. Contou que leu o livro Depois Daquela Viagem aos 10 anos, quando soube do diagnóstico da mãe e do pai. E quis saber o que Valéria sentiu ao receber a notícia de que era portadora. "Como vocês viram na peça, foi o meu pai quem me contou e foi exatamente do jeito que foi representado. Não foi fácil, pois o HIV é uma coisa que a gente acha que está longe, que é do outro e não vai estar nunca perto", explicou a autora. "É por isso que todo mundo tem de se cuidar. Talvez vocês tenham amigos com HIV que não contam temendo a reação de vocês."
Valéria aproveitou para avisar que todos os postos de saúde fazem teste de HIV grátis, com absoluto sigilo, e que o jovem, mesmo sendo menor de idade, não precisa estar acompanhado dos pais para passar pelo exame.
Um professor que não se identificou na hora contou que esteve internado no Hospital Emílio Ribas e, por isso, sabe o que Valéria passou no início dos anos 90, quando o tratamento para aids ainda estava na fase inicial. Ele disse ter sofrido tanto preconceito que decidiu se tornar educador para ajudar os adolescentes a não passarem pela mesma situação. "Infelizmente, a política e a própria educação acabam indo contra aquilo que a gente faz. Mas como disse Renato Russo, é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã", disse o professor. "Na peça, você pergunta qual a razão de viver", continuou ele, dirigindo-se a Valéria. "São várias, uma delas é estarmos juntos."
Sabrina, 17 anos, ficou impressionada com a cena da peça em que a personagem Valéria, adolescente, jura que vai ser atriz mesmo se tiver de ir contra os pais. Ela perguntou o que a escritora sente hoje, voltando ao sonho que ela abandonou. Valéria, a real, contou que se sente muito bem na plateia, vendo outras atrizes representando-a. "Descobri que gosto de ficar no meu canto, então escrever combina mais comigo do que atuar." Contou também que é casada com Marcos, que ele é da Áustria e os dois atualmente vivem lá. Ele não tem HIV, viajar é uma das coisas que mais curtem fazer e essa é uma das razões pelas quais decidiram não ter filhos. "Mas hoje a portadora de HIV pode dar à luz sem riscos, desde que tome os remédios e siga as orientações médicas", comentou a autora.
Duas agentes de prevenção do SAE (Serviço de Atenção Especializada em DST/Aids) Herbert de Souza, do bairro Sapopemba, Sandra Cristina Petente, 42 anos e Janete Mendonça, 37, disseram que ficaram muito bem impressionadas com a peça e com o interesse dos jovens da plateia durante o bate- papo. "A gente que trabalha na rua com prevenção sabe o quanto é difícil mostrar tudo isso para os adolescentes", disse Sandra.
A peça "Depois Daquela Viagem" tem mais duas apresentações nesta quinta-feira, 20 de outubro, uma às 15h e outra às 20h, encerrando essa primeira temporada que começou dia 5 e teve todas as sessões com o auditório cheio.
Fonte: Agência de Notícias da Aids
Por: Fátima Cardeal
Enviado por: João Geraldo Netto
Luana, uma garota de 18 anos, se apresentou como filha de pais soropositivos, que já morreram. Contou que leu o livro Depois Daquela Viagem aos 10 anos, quando soube do diagnóstico da mãe e do pai. E quis saber o que Valéria sentiu ao receber a notícia de que era portadora. "Como vocês viram na peça, foi o meu pai quem me contou e foi exatamente do jeito que foi representado. Não foi fácil, pois o HIV é uma coisa que a gente acha que está longe, que é do outro e não vai estar nunca perto", explicou a autora. "É por isso que todo mundo tem de se cuidar. Talvez vocês tenham amigos com HIV que não contam temendo a reação de vocês."
Valéria aproveitou para avisar que todos os postos de saúde fazem teste de HIV grátis, com absoluto sigilo, e que o jovem, mesmo sendo menor de idade, não precisa estar acompanhado dos pais para passar pelo exame.
Um professor que não se identificou na hora contou que esteve internado no Hospital Emílio Ribas e, por isso, sabe o que Valéria passou no início dos anos 90, quando o tratamento para aids ainda estava na fase inicial. Ele disse ter sofrido tanto preconceito que decidiu se tornar educador para ajudar os adolescentes a não passarem pela mesma situação. "Infelizmente, a política e a própria educação acabam indo contra aquilo que a gente faz. Mas como disse Renato Russo, é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã", disse o professor. "Na peça, você pergunta qual a razão de viver", continuou ele, dirigindo-se a Valéria. "São várias, uma delas é estarmos juntos."
Sabrina, 17 anos, ficou impressionada com a cena da peça em que a personagem Valéria, adolescente, jura que vai ser atriz mesmo se tiver de ir contra os pais. Ela perguntou o que a escritora sente hoje, voltando ao sonho que ela abandonou. Valéria, a real, contou que se sente muito bem na plateia, vendo outras atrizes representando-a. "Descobri que gosto de ficar no meu canto, então escrever combina mais comigo do que atuar." Contou também que é casada com Marcos, que ele é da Áustria e os dois atualmente vivem lá. Ele não tem HIV, viajar é uma das coisas que mais curtem fazer e essa é uma das razões pelas quais decidiram não ter filhos. "Mas hoje a portadora de HIV pode dar à luz sem riscos, desde que tome os remédios e siga as orientações médicas", comentou a autora.
Duas agentes de prevenção do SAE (Serviço de Atenção Especializada em DST/Aids) Herbert de Souza, do bairro Sapopemba, Sandra Cristina Petente, 42 anos e Janete Mendonça, 37, disseram que ficaram muito bem impressionadas com a peça e com o interesse dos jovens da plateia durante o bate- papo. "A gente que trabalha na rua com prevenção sabe o quanto é difícil mostrar tudo isso para os adolescentes", disse Sandra.
A peça "Depois Daquela Viagem" tem mais duas apresentações nesta quinta-feira, 20 de outubro, uma às 15h e outra às 20h, encerrando essa primeira temporada que começou dia 5 e teve todas as sessões com o auditório cheio.
Fonte: Agência de Notícias da Aids
Por: Fátima Cardeal
Enviado por: João Geraldo Netto
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