quinta-feira, 24 de maio de 2012

Médicos desenvolvem remédios que prolongam vida dos portadores de HIV

Coordenação é da professora
Sigrid Sousa

Mesmo após o desenvolvimento de remédios que prolongam a vida dos portadores do vírus HIV, ainda é necessário descobrir tratamentos que ofereçam aos soropositivos melhor qualidade de vida, em especial no combate a doenças oportunistas e outras patologias relacionadas ao processo de velhice, como o câncer, por exemplo. Estudos realizados na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), sob a coordenação da professora Sigrid de Sousa dos Santos, do Departamento de Medicina, analisam a relação dos portadores do vírus da imunodeficiência adquirida com outras doenças, como infecções, febre amarela, hepatites e insuficiência renal. Os estudos são realizados em parceria com as Faculdades de Medicina da USP de São Paulo e Ribeirão Preto e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp e também com o Hospital Escola, Centro de Especialidades e Santa Casa de São Carlos.

A professora Sigrid iniciou seus estudos com portadores de HIV durante sua graduação, realizada na Faculdade de Medicina na Universidade de São Paulo, entre os anos de 1987 e 1992, momento em que os primeiros testes com o Zidovudina (AZT) eram realizados com pacientes soropositivos. O AZT inibe a produção de proteína transcriptase reversa que é essencial para a reprodução do vírus. No entanto, a irregularidade nos tratamentos contribuiu para o desenvolvimento de vírus mais resistentes aos medicamentos.

Em meados da década de 1990, surge uma nova classe de medicamentos, conhecidos como inibidores de protease, que dificultam a multiplicação do HIV no organismo. Até então, os medicamentos prolongavam a vida dos doentes por alguns meses. Quando surgiram as novas classes de medicamentos e o tratamento passou a ser feito com uma combinação de remédios, a vida dos pacientes aumentou. "Mas no ano 2000, percebemos que alguns pacientes não respondiam aos medicamentos, mesmo com novas combinações de medicamentos. Isso foi percebido, principalmente entre as pessoas que tomavam os remédios irregularmente. Como o vírus sofre mutações, a irregularidade na ingestão de medicamentos selecionava os vírus resistentes", relata a docente.

A professora Sigrid explica que, mesmo com a evolução dos fármacos e dos procedimentos de tratamento específicos de controle do HIV, ainda são necessários estudos sobre o comportamento do sistema imunológico com outras doenças e aplicação de vacinas de combate a outras doenças, como a febre amarela e gripe. Na maioria dos casos, as vacinas são produzidas a partir de proteínas presentes em determinados tipos de vírus e até mesmo vírus vivos enfraquecidos que estimulam as defesas do corpo. No caso dos portadores dos pacientes com AIDS, a quantidade de linfócitos, células essenciais para estimular a produção de anticorpos, é comprometida, inibindo a resposta imune. "Há cerca de 15 anos atrás, os médicos temiam que a aplicação de vacinas induzisse nos pacientes soropositivos o desenvolvimento das doenças. Mas, depois de alguns estudos, com acompanhamento dos pacientes, dosagem da quantidade de vírus e análise da produção de anticorpos, sabemos que é muito importante e seguro aplicar as vacinas nos pacientes soropositivos", afirma.

A adoção das terapias retrovirais permitiram uma maior sobrevida dos portadores do vírus HIV. No entanto, em decorrência do aumento da expectativa de vida e enfraquecimento do sistema imunológico, surgiram novos desafios para a classe médica, como as alterações metabólicas em decorrência dos efeitos adversos dos medicamentos, além de um estudo sobre os hábitos dos pacientes soropositivos que possam interferir no tratamento ou provocar doenças.

Desde 2003, a professora Sigrid desenvolve um estudo sobre alterações anatômicas e metabólicas em portadores do vírus HIV. "Conforme se trata o paciente soropositivo, ele melhora, mas tem algumas complicações cardiovasculares, com o aumento de colesterol e diabetes e tem uma tendência à deposição de gordura no centro do corpo, que é conhecido como lipodistrofia", explica.

O acompanhamento médico dos pacientes soropositivos também permitiu analisar como os hábitos do cotidiano podem interferir na saúde. Um levantamento feito pela docente verificou que, entre os pacientes que participaram da pesquisa, 41,9% fumavam, sendo que na população brasileira, na mesma faixa etária, a porcentagem de fumantes é de 21%. Além disso, também era expressiva a quantidade de portadores do vírus HIV que bebiam. "O hábito de fumar já contribui para o aumento de infarto e câncer de pulmão. No caso dos pacientes que bebem, aumenta a possibilidade de se desenvolver cirrose e câncer de fígado", explica a professora. Os estudos foram realizados no Hospital das Clínicas de São Paulo.

Segundo a professora, o aumento do risco de morte devido a câncer em pacientes infectados pelo HIV pode ser atribuído a maior cronicidade da infecção, ao possível papel de alguns vírus oncogênicos e pelo envelhecimento da população infectada. "O vírus HIV não é oncogênico, não tem a capacidade de alterar o código genético da célula e transformá-la em uma célula cancerosa. No entanto, toda vez que o vírus afeta o DNA da célula, ele pode alterar o código genético e, ao acaso, transformar em uma célula cancerígena. Além disso, em decorrência da deficiência do sistema imunológico, as células de defesa, como as Natural Killers, CD4 e CD8, que atacam as células estranhas do corpo, são afetadas", esclarece.

Alguns tumores, como o Sarcoma de Kaposi, Linfoma não-Rodgkin e o câncer invasivo de colo de útero, têm relação com o HIV e imunodepressão, mas as pesquisas apontam que os cânceres que mais afetam os soropositivos não têm essa relação direta com o HIV. "Não é que o portador de HIV tem maior chance de desenvolver um câncer. Mas com os avanços nos tratamentos, os soropositivos vivem mais e acabam desenvolvendo complicações tardias, como o câncer. Se o vírus HIV tivesse um papel muito importante no desenvolvimento de neoplasias, teríamos um aumento no número de mortes por câncer muito grande. Mas o que percebemos é que as infecções oportunistas ainda prevalecem nos óbitos dos pacientes com AIDS", complementa Sigrid.

A professora conta que, segundo as Orientações da Sessão Especial da Assembleia-Geral das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Ungass), os tratamentos para os pacientes no Brasil funciona muito bem nos grandes centros, mas ainda apresentam deficiências nas cidades menores. "A grande maioria dos pacientes já chega com o diagnóstico de AIDS. Em São Carlos eu vejo pessoas com quadros muito graves, em situações semelhantes à época em que eu era residente, entre os anos de 1993 e 1996. O diagnóstico de HIV deve ser feito mais cedo, antes que a doença se desenvolva. Muitos chegam ao tratamento médico tardiamente, bem debilitados", afirma a docente. Em São Carlos, os primeiros casos de infecção por HIV foram diagnosticados em 1987. Até o ano de 2010, foram diagnosticadas 997 pessoas com a doença.

Além da evolução nos tratamentos, a professora Sigrid acredita que o maior acesso aos serviços de saúde, aliado a campanhas de conscientização são necessários para a redução nos casos de transmissão do vírus HIV e manutenção da saúde do soropositivo. "Hoje, diante das pesquisas e avanços, vejo a possibilidade de desenvolvimento de um tratamento definitivo. Mas não adianta desenvolver um tratamento definitivo se isso for acessível para um número restrito de pessoas em relação à população mundial. O principal é as pessoas saberem que existe acesso aos tratamentos. Mas esses serviços devem ser acessíveis a todos. Hoje, temos condições de que os portadores de HIV tenha uma vida saudável com os remédios e as pessoas tenham acesso ao diagnóstico. Isso é uma situação que podemos resolver, mas dependemos de uma estrutura de saúde pública que seja mais assistente", defende Sigrid.


Por: Assessoria
Enviado por: João Geraldo Netto

Estados Unidos podem ter testes de HIV de farmácia

Se aprovado, o teste de HIV poderá ser comprado em
farmácia da mesma forma que um teste de gravidez
Os Estados Unidos estão um passo mais perto de permitir que as pessoas chequem seu status de HIV em casa, com testes simplificados comprados em farmácias.

Um painel de especialistas diz que o exame OraQuick In-Home é seguro e eficiente e que seu potencial de prevenir o contágio é maior do que o risco de resultados falsos.

O FDA, agência americana responsável pela regulação de alimentos e medicamentos, deve decidir ainda neste ano se aprova ou não o teste, que deve custar cerca de US$ 60.

O exame, que leva 20 minutos, tem exatidão de 93% para resultados positivos e 99,8% para negativos, indica o fabricante.

Atualmente os EUA têm cerca de 1,2 milhão de pessoas infectadas pelo vírus HIV e aproximadamente 50 mil novos casos são registrados todos os anos.

Mudança
Os especialistas do Comitê de Recomendações de Produtos Sanguíneos votaram pela comercialização do teste por unanimidade, com 17 votos a favor e zero contra.

Na visão do painel, o teste ajudaria as pessoas que descobrirem ter o vírus a conseguir acesso a tratamentos médicos e serviços sociais.

Eles recomendaram à OraSure, fabricante do exame, que a embalagem do produto contenha alertas visíveis sobre a possibilidade de resultados negativos falsos.

Também foi feita a recomendação de que a embalagem contenha um telefone gratuito de atendimento às pessoas cujo resultado for positivo.

Carl Schmidt, vice-diretor do Instituto de Aids, disse que a aprovação pode representar um marco importante na luta contra a doença.

"Estamos sempre procurando por grandes mudanças positivas, e acreditamos que esta é uma delas. Não só (o teste) vai ajudar a reduzir o número de infecções mas também levará mais pessoas a buscar tratamento e cuidados", avaliou.

Truvada
Recentemente outro comitê que aconselha a FDA apoiou um medicamento para evitar a contaminação pelo HIV.

Os especialistas aprovaram o uso do Truvada, um comprimido de uso diário que deve ser usado por pessoas não infectadas que estariam correndo risco maior de contrair o vírus da Aids.

O uso do medicamento foi aprovado pelo comitê, com 19 votos a favor e três contra, para que seja receitado para o grupo considerado de maior risco, homens não infectados que têm relações sexuais com múltiplos parceiros também homens.

Também foi aprovada, por maioria dos votos, a prescrição do Truvada para pessoas não infectadas que têm parceiros portadores do HIV e para outros grupos considerados em risco de contrair o vírus através de atividade sexual.

O uso do Truvada já foi aprovado pela FDA para pessoas que já têm o vírus HIV, e é tomado junto com outros medicamentos.

Estudos realizados em 2010 mostraram que a droga reduziu o risco de infecção pelo HIV entre 44% e 73% em homossexuais masculinos saudáveis e entre heterossexuais saudáveis que são parceiros de portadores do vírus HIV.


Fonte: Terra
Fonte primária: BBC BRASIL.com
Enviado por: João Geraldo Netto

Vacina contra o HIV em teste

Proteína GP41 – memorize o nome, porque esta proteína pode ajudar os pesquisadores europeus a superar um dos maiores flagelos mundiais: a AIDS.

Esta equipe acredita que o baixo nível de variabilidade genética da proteína pode permitir o desenvolvimento de uma vacina pioneira.

Nicolas Mouz, Diretor Científico, PX’Therapeutics afirma: “Estamos desenvolvendo uma vacina contra o HIV, utilizando uma proteína do vírus, a GP41. E porque a proteína GP41? Porque é uma proteína chave no mecanismo de entrada do vírus nas células. É uma proteína que desenvolve anticorpos neutralizantes, que é o principal objetivo da vacina.

Segundo Nicolas Mouz, “A ideia é observar uma resposta de imunidade no muco por parte dos anticorpos neutralizantes. Porque na mucosa? Porque quase 90% dos casos de AIDS devem-se a relações sexuais.

Estes investigadores franceses fazem parte de um projeto europeu que inclui ensaios clínicos desta vacina de prevenção do HIV.

A equipe está acompanhando de perto 50 voluntários britânicos que participaram na primeira rodada de testes.

Lucile Marron Brignone, Diretora Farmacêutica, PX’Therapeutics: “Depois de cada administração do produto verificamos se existem efeitos secundários. O outro objetivo é obter informações sobre o produto, se gera ou não uma resposta imunológica em pacientes, ou em voluntários saudáveis.

Os ensaios começaram bem – espera-se que esta tecnologia possa fazer parte de uma vacina contra a AIDS verdadeiramente eficaz.

Nicolas Mouz: “Estamos provavelmente no início do caminho da vacina contra a AIDS, acreditamos que tem potencial e imaginamos que a vacina do futuro será uma combinação de várias, e que esta pode ser parte integrante de uma vacina futura.


* Esse texto passou por adaptações do Português de Portugal para o Português Brasileiro

Fonte: Euronews
Enviado por: João Geraldo Netto

Pacientes com HIV têm maior propensão a morrer por ataque cardíaco

Os pacientes com HIV são 4,5 vezes mais propensos a morrer por um ataque cardíaco que as pessoas não portadoras desse vírus, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira na revista especializada Journal of the American College of Cardiology.

O estudo, realizado por professores da Universidade da Califórnia, em São Francisco, aponta que a morte súbita por ataques cardíacos foi a segunda causa de morte mais comum entre os soropositivos, depois da aids.

Os pesquisadores analisaram os históricos médicos de mais de 2.800 pacientes com HIV do Hospital Geral de São Francisco, entre abril de 2000 e agosto de 2009, e concluíram que aproximadamente 8% deles morreram durante os quatro anos seguintes ao período estudado.

Dos pacientes falecidos, 15% morreram por causas relacionadas a afecções cardíacas, segundo indica o estudo, e desse grupo 86% morreram após um ataque cardíaco repentino.

"Nossos resultados também chamam a atenção para muitas coisas que ainda não sabemos sobre o HIV e a morte súbita", indicou Priscilla Hsue, uma das pesquisadoras, antes de assinalar que será preciso investigar se esses pacientes morrem por uma doença da artéria coronária não reconhecida e daí tentar identificar os pacientes em situação de risco para poder prevenir.


Fonte primária: Agência EFE
Foto: Getty Images
Enviado por: João Geraldo Netto

Musculação diminui a lipodistrofia em pacientes portadores de HIV

Uma doença comum entre os portadores do vírus HIV é a lipodistrofia, que é caracterizada pela distribuição irregular de gordura no corpo, que causa o acúmulo ou a perda da mesma em algumas áreas. Para combater essa doença, 7 pacientes diagnosticados foram submetidos à exercícios físicos de força, como parte de uma pesquisa defendida na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP. Ao fim das sessões, tanto a lipodistrofia quanto o colesterol alto e os triglicérides apresentaram melhora.

O autor da pesquisa, o educador físico Pedro Pinheiro Paes Neto, conta que, atualmente, com o uso dos antirretrovirais, os pacientes vivem mais e melhor com o vírus da Aids, mas o uso prolongado da medicação apresenta efeitos colaterais, como a lipodistrofia. Além disso, é comum a taxa de colesterol alto e triglicérides. Pelo fato da lipodistrofia se tratar de uma má distribuição de gordura no corpo, o educador pensou no exercício como maneira de combate à doença, a fim de verificar a relação entre a atividade física e as variáveis negativas alteradas pelo antirretroviral.

Os voluntários da pesquisa Educação para a saúde e a atividade física na promoção da qualidade de vida de pessoas que vivem com HIV/aids realizaram 36 sessões de treinamento, distribuídas ao longo de 12 semanas. Cada sessão era composta pelo aquecimento, treinamento de força e relaxamento. No fim do processo, todas as variáveis negativas apresentaram diminuição. "E além disso, eles ainda adotaram uma prática regular de atividade física que influenciou positivamente na qualidade de vida desse grupo de pessoas" , diz Neto. Foi observado que a lipodistrofia e o triglicérides foram os problemas com melhora mais significativa.

O que o autor do estudo destaca, no entanto, é a melhora de autoestima relatada por eles. Segundo Neto, o maior ganho foi o de melhora do convívio social. "A prática fora das nossas sessões de treino promoveu a reinserção na sociedade por meio da atividade física, o que foi um grande ganho qualitativo da pesquisa. Embora os efeitos quantitativos tenham sido muito positivos, a maior queixa deles continua sendo o preconceito, o que é diminuído com essa inserção social" . Para o educador, é importante que se estimule a atividade física neste grupo, pois ela se mostra uma terapia alternativa. Isto é, dá resultados e não envolve medicamentos.

Musculação
"Quando se pensa em perder gordura, a primeira associação é normalmente com exercícios aeróbios, inclusive na literatura, mas nós fomos por outro caminho: o do treinamento de força", diz o autor da pesquisa. Segundo ele, esse foi um dos diferenciais de seu estudo, que trabalhou com cargas altas de força: os pacientes chegaram a levantar mais que 80% de sua capacidade máxima individual para cada exercício, durante a fase específica do treinamento.

Neto explica que os exercícios aeróbios demandam muito tempo de prática para a perda de gordura e o fator ergogênico (perda calórica) ocorre principalmente durante a atividade. Enquanto isso, a atividade de força faz com que o ritmo do metabolismo aumente, e a perda de gordura se dá ao longo do dia. E além da perda de gordura, há ainda o ganho de massa muscular.

Perfil
Os pacientes selecionados para a pesquisa, que foi orientada por Sonia Maria Villela Bueno eram de ambos os sexos, tinham entre 37 e 59 anos e utilizavam o serviço público de saúde. Todos eles tomavam antirretroviral e apresentavam lipodistrofia. A maioria deles ganhava entre um e quatro salários mínimos e só um possuía ensino superior.

A pesquisa, realizada no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP), foi uma parceria entre a Escola de Enfermagem (EERP), a Faculdade de Medicina (FMRP), e a Escola de Educação Física e Desporto da cidade de Ribeirão Preto. O projeto continua em andamento, atendendo outros 20 pacientes com as mesmas atividades.

Para o autor da pesquisa, é essencial entender que a prática de atividade física é importante para combater os efeitos colaterais do uso prolongado de antirretrovirais, aumentando a qualidade de vida. "O exercício físico com pesos melhora muito autoestima e a percepção corporal porque a pessoa vê o resultado na sua própria forma corporal, condição muito afetada pelas pessoas que vivem com HIV/aids", conclui.


Fonte: iSaúde
Enviado por: João Geraldo Netto

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Entrada do vírus HIV-2 no Brasil


Uma pesquisa inédita realizada pela Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, confirmou a presença de um segundo tipo de vírus da Aids em 15 pacientes no Brasil, todos em situação de coinfecção com o vírus 1, que circula no país. O estudo, conduzido por pesquisadores do Laboratório de Genética Molecular do Instituto, foi premiado no 2º Congresso de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro, realizado no início do mês de setembro.

Um paciente pode ter o vírus do tipo 1 e não ter o 2 e vice-versa. Não é preciso ter o HIV-1 para se adquirir o tipo 2 da doença. Aqueles que se encontram em situação de coinfecção podem desenvolver uma forma mais grave da doença. Em relação ao HIV-1, a infecção pelo tipo 2 difere por ter uma evolução mais lenta. Entretanto, o HIV-2 é resistente a algumas classes de antirretrovirais. Segundo o infectologista e professor da UFRJ, Edimilson Migowski, “o desfecho da doença pode ter uma evolução pior se o vírus desenvolver resistência aos medicamentos. O paciente fica mais predisposto a ter infecções oportunistas”. 

Com a descoberta de casos de pacientes com o HIV-2 no Brasil, vírus que é mais resistente a alguns tipos de antirretrovirais, podem surgir quadros mais graves da doença e mais mortes. O paciente terá que testar drogas diferentes, até chegar a uma que o faça responder melhor ao tratamento. Este quadro reforça a necessidade de pesquisar novos medicamentos, já que os primeiros se tornarão menos eficazes, o que representa um impacto negativo no combate à doença.

Essa descoberta reforça a necessidade da prevenção.Eu sempre ressalto que mesmo parceiros soropositivos devem usar camisinha porque eles correm o risco de se reinfectar com tipos de vírus do HIV diferentes e mais resistentes.

Fica o alerta também para alguns pacientes que param de tomar o medicamento durante o tratamento, o que torna o vírus mais resistente,visto que a doença ainda é muito estigmatizada. Muitos pacientes não querem tomar estes medicamentos na frente de outras pessoas e acabam interrompendo o tratamento.

Presença do vírus HIV-2 no Brasil é discutida desde 1987
Desde 1987, pesquisadores discutem a presença do HIV-2 no país, mas o novo estudo usou meios mais precisos e encontrou um número maior de casos. A pesquisa foi desenvolvida em parceria com pesquisadores do Laboratório Sérgio Franco, do Hospital Universitário Gafreé e Guinle e do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

Foram analisadas amostras de sangue que na primeira etapa de testagem para HIV apresentaram resultados indicativos da presença dos dois vírus. Como preconizado pelo Ministério da Saúde, estes resultados devem ser confirmados por reagentes específicos tanto para o HIV-1 quanto para o HIV-2. No entanto, no momento não há disponível no mercado reagentes específicos para o HIV-2, só para o HIV-1. Foi neste ponto que a pesquisa básica contribuiu, aplicando testes moleculares e imunológicos ainda restritos ao estudo. 

O HIV-2 foi identificado pela primeira vez em 1985, em pacientes do Senegal, e, logo após, casos foram detectados também em Cabo Verde. A maioria dos casos da epidemia global de Aids é causada pelo retrovírus humano tipo 1 (HIV-1). No entanto, o HIV-2, o outro retrovírus associado à Aids, é epidêmico e endêmico em alguns países da África Ocidental, como Guiné Bissau, Gâmbia, Costa do Marfim e Senegal, entre outros.


Fonte: G1
Enviada por: Diego Calixto

Terapia genética contra a aids age no corpo por 11 anos


"Só o tempo pode dizer." A clássica expressão serve para, com testes clínicos e laboratoriais, comprovar a eficácia de tratamentos contra as mais diversas doenças. É esse o caso de pesquisas com a terapia de aplicação de linfócitos T - células de defesa do corpo humano - modificados geneticamente em pessoas portadoras do vírus HIV, causador da Aids. Entre 1998 e 2002, 43 soropositivos receberam aplicações dessas estruturas alteradas com o retrovírus da doença, de modo que os linfócitos pudessem combater as células infectadas. Naquela época, ainda não se sabia quais seriam as reações do organismo a tal medida. Por isso, pesquisadores norte-americanos decidiram acompanhar esses voluntários a fim de saber como estaria a saúde deles ao longo do tempo. Os resultados foram animadores: todos estão saudáveis, sem apresentar efeitos adversos ao tratamento e, melhor, as estruturas do sistema imunológico deles continuam lutando contra o HIV.

Quem é soropositivo tem o sistema imunológico atacado pelo vírus da Aids, que destrói os linfócitos T e deixa o corpo fragilizado, correndo o risco de desenvolver os mais diversos problemas de saúde. Os linfócitos modificados geneticamente com o agente invasor, portanto, serviriam exatamente para enfrentar essa deficiência. "Comprovamos que as células imunes alteradas aumentam o poder de resposta ao retrovírus, como se fossem esteroides que melhoram a performance do corpo", exemplifica Bruce Levine, professor do Departamento de Patologia e do Laboratório de Medicina da Universidade da Pensilvânia e um dos autores da pesquisa apresentada hoje na revista científica Science Translational Medicine. As novas estruturas no corpo estimulam o sistema imunológico a atacar as células com HIV. Desse modo, torna-se mais difícil para o vírus atingir novas unidades do organismo, o que retarda a progressão do problema de saúde.

O acompanhamento também destacou que a terapia gênica se mostrou segura, já que havia o temor de que esses pacientes sofressem com leucemia ao longo do tempo. "Ocorreram estudos nos quais células-tronco do sangue foram mutadas geneticamente usando o vírus como um 'cavalo de Troia' para levar um gene para a célula. Infelizmente, essa modificação em crianças com imunodeficiência fez com que algumas delas desenvolvessem leucemia", recorda Levine. Não foi o caso dos adultos com Aids que passaram pelas aplicações de linfócitos T. Ao contrário, a saúde deles estava muito boa e as estruturas injetadas continuavam agindo de modo eficiente em 98% dos voluntários. Ainda assim, o grupo não pode abandonar o uso diário de remédios antirretrovirais.

Segundo o pesquisador, a medicação contra o HIV é um "padrão de cuidado" que deve ser mantido até que os tratamentos gênicos se mostrem eficazes para agirem sozinhos. "Como se sabe, ao serem consumidas por toda a vida, essas drogas caras têm efeitos colaterais que podem ser significativos. Por sua vez, se os pacientes não as tomam, o vírus pode se desenvolver ainda mais forte e se espalhar pelo corpo", adverte.

Psicólogo e professor do Departamento de Serviço Social da Universidade de Brasília (UnB), Mário Ângelo Silva, especialista em aids, acrescenta que os antirretrovirais também acabam sendo usados, em determinados casos, por pessoas que não têm a doença, mas são parceiros sexuais de soropositivos. "Esses remédios protegem quem não está infectado e usa Preservativo nas relações, mas têm efeitos colaterais - como náuseas, vômito, diarreia e irritação na pele - que podem abrir portas para outros problemas de saúde", alerta. Ele ressalta que esses medicamentos são muito fortes e alteram o metabolismo, motivo pelo qual os cientistas buscam cada vez mais terapias que sejam alternativas ao consumo desses produtos.

A terapia gênica e as medicações antirretrovirais, no entanto, não são as únicas medidas para fazer com que os contaminados pelo HIV tenham mais qualidade de vida. "Os tratamentos servem para manter a carga viral e dos linfócitos CD4 em níveis normais", explica o cientista Enrique Argañaraz, do Laboratório de Virologia Molecular da UnB. "Outro fator importante é evitar relacionamentos sexuais com vários parceiros, já que esse comportamento ativa o sistema imune e favorece a replicação do vírus", completa. Além disso, é necessário que o paciente pratique atividades físicas, se alimente de modo saudável e tenha uma atitude positiva ante a vida, determinam médicos e psicólogos.

Potencial
Levine afirma que ter mais uma alternativa eficaz para combater a aids traz esperanças para os pacientes. "Os linfócitos T modificados são uma iniciativa mais segura do que células-tronco sanguíneas alteradas geneticamente", garante. Argañaraz concorda que esse estudo mostra o avanço das pesquisas genéticas e que o fato de as células T terem se mantido por um longo período de tempo no organismo nos pacientes é um fator relevante. "Mas acredito que, entre as novas abordagens terapêuticas, o uso de vacinas baseadas em combinações distintas de vírus têm se mostrado mais promissor", pondera. Silva, por sua vez, crê que a análise feita na Universidade da Pensilvânia pode, sim, ser uma esperança para soropositivos. "Compreender os genes e as células permitem conhecer melhor o HIV e a função do sistema imunológico", pontua, comemorando a possibilidade de essa medida reduzir o uso de remédios e seus consequentes efeitos negativos.

"Esses linfócitos podem ajudar pacientes com câncer e outras doenças a evitar complicações e riscos de mortalidade associados aos tratamentos mais convencionais, já que, com a terapia gênica, não é necessário tomar medicações que enfraqueçam o sistema imunológico a fim de que as células novas se proliferem no corpo após a infusão - algo pelo qual pessoas com câncer precisam passar quando recebem transplante de células-tronco", frisa o cientista norte-americano. Com base nessas questões, a equipe de pesquisadores pretende ir mais fundo no tratamento com linfócitos T contra o HIV e expandir sua aplicação para tumores malignos.

Importância da prevenção
O uso de antirretrovirais e de terapias diversas não deve, segundo Mário Ângelo Silva, ser o único foco no combate à aids. É necessário continuar reforçando a educação para a saúde e as medidas de prevenção, como usar Preservativo nas relações sexuais, não compartilhar seringas e outros objetos que furam ou cortam a pele e fazer o acompanhamento clínico durante a gravidez. Nesse último caso, o cuidado serve para, se a mãe estiver contaminada, não transmitir o vírus para o bebê.


Fonte: Correio Braziliense
Enviado por: João Geraldo Netto

Estudo avalia início precoce da terapia contra o vírus HIV




Um estudo envolvendo 35 países e 226 centros de saúde está avaliando os resultados do início precoce para o tratamento contra o HIV.

Diferentemente do que se possa imaginar, o paciente nem sempre começa a tomar os antirretrovirais logo após o diagnóstico. A avaliação é feita caso a caso mas, segundo diretrizes do Ministério da Saúde, a terapia para pessoas sem sintomas começa só quando a contagem das células de defesa CD4 cai abaixo de 350 por mm3 de sangue.

Há exceções, como gestantes, pacientes com hepatite B ou C, com mais de 55 anos ou com carga viral alta, entre outras condições que pedem tratamento com 500 ou menos células por mm3.

A pesquisa "Start", que no Brasil é coordenada pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, e pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), está recrutando soropositivos com contagem de células de defesa acima de 500/mm3. Eles são divididos em dois grupos: um fará o tratamento segundo as diretrizes atuais e o outro já receberá os remédios.

Segundo o infectologista Luiz Carlos Pereira Junior, do Emílio Ribas, o instituto já acompanha 96 pessoas e está recrutando participantes.

A dúvida sobre iniciar ou não o tratamento tem a ver com os efeitos colaterais causados pelos antirretrovirais.

Quando o tratamento com essas drogas começou, diz o médico, a tendência era o início imediato. Depois, quando se observou que os remédios causavam muitos efeitos colaterais, como alterações metabólicas, alta no colesterol, entre outros, os médicos colocaram o pé no freio.

"Foram sendo colocados limites. Primeiro, começávamos quando a contagem de CD4 caía a menos de 200 por mm3. Depois, isso foi para 350 e, nos últimos anos, têm surgido evidências de benefício para um início mais cedo."

O infectologista Artur Timerman, do Hospital Edmundo Vasconcellos, lembra que pesquisas recentes mostraram que os antivirais reduzem em 90% o risco de transmissão do HIV. "A tendência hoje é tratar independentemente da contagem CD4."

Tratamento deve ser adotado no país
As novas diretrizes para o tratamento de pessoas com HIV, a serem publicadas pelo Ministério da Saúde ainda neste semestre, devem seguir o caminho da terapia precoce, segundo o infectologista Ronaldo Hallal, coordenador de cuidado e qualidade de vida no Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais.

"O ministério está atento às novas evidências científicas. Hoje há remédios menos tóxicos e mais fáceis de tomar." Segundo Hallal, 217 mil pessoas com HIV estão tomando antirretrovirais por meio da rede pública. Acrescentando os soropositivos com contagem de células de defesa entre 350 e 500 por mm3 de sangue, que fariam a terapia precoce, seriam mais 20 mil. O custo das drogas é de R$ 800 milhões por ano.

O infectologista Artur Timerman explica que, apesar de expor o paciente antes aos efeitos colaterais, tratar mais cedo freia a multiplicação dos vírus e bloqueia o surgimento de cópias do HIV que resistem aos remédios.

Mas, se a pessoa não tomar os antivirais com regularidade, esse risco aumenta, diz Luiz Carlos Pereira Junior, do Emílio Ribas. Deixar o paciente sem tratamento, mesmo com alta imunidade, porém, causa problemas que levam a envelhecimento precoce.

"Uma pessoa que se contamina hoje tem mais décadas de vida. Tratar cedo vai preservá-lo dos efeitos da multiplicação viral? Só podemos responder por meio de um estudo clínico com número grande de voluntários."


Fonte: Folha
Por: Débora Mismetti
Enviado por: João Geraldo Netto

Fala Aí: O tema é Aids e saúde prisional


O quadro Fala Aí está de volta ao canal de vídeos da RNAJVHA no Youtube. De cara nova, o Fala Aí volta falando de temas importantes para o movimento de aids. Na reestreia, Marden Marques Soares Filho, da Secretaria de Atenção à Saúde Prisional do Ministério da Saúde fala da parceria que pretende desenvolver com a RNAJVHA. Vale a pena!




Fonte: Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids
Enviado por: João Geraldo Netto

Terapias complementares no tratamento do HIV/Aids


Acupuntura é uma das técnicas alternativas que podem
melhorar a qualidade de vida dos soropositivos

Além do tratamento existente com os remédios antirretrovirais, exercícios físicos e alimentação equilibrada, há algumas práticas que o soropositivo pode adotar que melhoram a saúde e a autoestima. As chamadas terapias complementares estão disponíveis nas unidades públicas de saúde de todo o país e devem ser indicadas por profissionais e avisadas ao médico. 

Apesar de fazerem bem à saúde, não podem substituir os medicamentos, pois não combatem a aids. Essas terapias são muito utilizadas para reduzir o estresse e os efeitos colaterais dos coquetéis, melhorar o sistema imunológico, aliviar a dor e auxiliar no tratamento de infecções oportunistas. As mais comuns são: acupuntura, homeopatia, massagens (shiatsu e reflexologia), práticas físicas (yoga e Tai Chi Chuan), além do consumo de algumas ervas medicinais.

Acupuntura
A técnica milenar da medicina chinesa consiste em estimular, com finas agulhas, determinados pontos do corpo por onde a energia circula. Vem sendo muito utilizada entre soropositivos para minimizar efeitos colaterais como enjoos, náuseas, vômitos e dores em geral. No Brasil, é reconhecida como especialidade médica há quase uma década.

Homeopatia
Não trata nenhuma doença específica, mas combate as causas dos sintomas. Esses remédios estimulam as forças internas do organismo e os processos de manutenção e recuperação da saúde. Criada em 1796, pelo médico alemão Samuel Hahnemann, foi reconhecida como especialidade médica no Brasil, em 1980, pelo Conselho Federal de Medicina.

Shiatsu
Utiliza os mesmos pontos e princípios da acupuntura e a pressão é feita com a polpa dos dedos. Os benefícios são: melhora do sistema circulatório, maior flexibilidade aos músculos, recuperação do equilíbrio do sistema ósseo, melhor funcionamento do sistema digestivo e maior controle do sistema endócrino. Também ajuda a tratar o estresse, dores de cabeça e musculares e artrite. Deve ser evitada em pessoas com inflamações, febre, anemias ou que estejam debilitadas fisicamente. Quem sofre de osteoporose pode fazer, mas com toques leves, já que os ossos já estão frágeis. Essa massagem é tradicionalmente do Japão, criada em 1925., mas tem suas raízes na milenar medicina chinesa.

Reflexologia
É uma prática da Medicina Natural que consiste na aplicação de pressões rítmicas em pontos localizados nos pés e nas mãos, que correspondem às diferentes zonas do corpo. Ajuda a recuperar o bem-estar; a aliviar o estresse, a angústia, a depressão, a ansiedade, a dor de cabeça, a síndrome pré-menstrual, a asma, os problemas digestivos, entre outros. Deve ser evitada em caso de gravidez, pois a pressão em certos pontos reflexos dos pés pode levar a contrações uterinas.

Ervas medicinais
São muito utilizadas em todas as regiões do país e estão sendo implantadas no Sistema Único de Saúde (SUS). São usadas em substituição a alguns medicamentos industrializados. Mas devem ser consumidas com cuidado, pois algumas são proibidas para quem toma remédios antiaids. 

Apesar de beneficiarem pessoas saudáveis, a Erva de São João (Hipérico), o Kava Kava e o óleo de alho em cápsulas podem comprometer o tratamento e pode causar a resistência do vírus ao tratamento. O importante é sempre conversar com o médico sobre as alternativas de terapias complementares e nunca se automedicar. Saiba mais sobre a reação dos remédios com algumas ervas.


Enviado por: João Geraldo Netto